Congresso Sionista de 2020 tem condições inéditas

Para quem não sabe, está em andamento o 38° Congresso da Organização Sionista Mundial. Pela primeira vez na história, por conta do contexto de pandemia, o congresso acontece de forma virtual. Mas não é só isso que transforma o congresso de 2020 em inédito.
Fundado em 1897, os encontros têm sido marcados pela formação de amplas coalizões das diversas correntes do Movimento Sionista. E apesar de serem comuns rachas e disputas, pode-se dizer que, ao menos desde a fundação do Estado de Israel, em 1948, não aconteceu nada parecido com o que vemos agora.
O Congresso se caracteriza por ser a plenária mundial dos judeus sionistas do mundo inteiro. Esquerda, direita, centro; religiosos e seculares, todos se reúnem para determinar o destino do movimento durante o ano seguinte. O esforço de incluir em uma ampla coalizão todos os grupos é uma das chaves para manter o movimento relevante. Ao contrario do que acontece na politica israelense, o Movimento Sionista se esforça para formar a mais ampla coalizão possível.
Esse ano, porém, está tudo diferente. O partido Likud, à direita do espectro político, trouxe para o congresso um setor historicamente ausente: grupos ultraortodoxos norte americanos. Fortes opositores do Movimento Sionista, eles não faziam parte do Congresso. Porém, a partir de uma articulação feita pelo Likud, os ultraortodoxos tiveram, surpreendentemente, uma atitude pragmática e elegeram diversos delegados e formaram uma coalizão que exclui grupos liberais e da esquerda historicamente ligada ao Movimento.
Nesse contexto, cerca de 80% dos judeus do mundo estariam excluídos das decisões. Entidades como o fundo nacional judaico, estruturas educacionais e femininas, passariam a ser controlados por antissionistas, e judeus reformistas, conservadores, liberais e de esquerda teriam menos verbas para suas entidades, maiores e historicamente vinculadas ao nacionalismo judaico.
Ao que parece, a polarização e a divisão da sociedade israelense chegou ao Movimento Sionista e pode estar colocando à margem a maioria dos judeus no mundo. Se não chegarem a um acordo nos próximos dias, poderemos ter um racha histórico no Movimento. O primeiro em 70 anos.
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