
Otimismo dos israelenses cai tanto em relação à democracia quanto à segurança nacional
Revital PolegRevital Poleg
Em meio ao agravamento da situação de segurança em Israel nas últimas semanas, é interessante examinar os resultados do último “Índice da Voz Israelense”*, conduzido pelo Instituto de Democracia de Israel, em março de 2023. A pesquisa mede o nível de otimismo entre os israelenses em relação ao futuro da democracia no país e também em relação ao futuro da segurança nacional – os assuntos estão relacionados.
Os resultados mostram que houve um declínio acentuado este mês no número de israelenses otimistas em relação à democracia: eram 38% em janeiro e, agora, 32% no total da amostra em março. E também na porcentagem dos que estão otimistas sobre o futuro da segurança em Israel: 46% em janeiro e 30% no total da amostra em março.
Em conjunto, estes resultados produzem o menor otimismo combinado desde que este índice foi iniciado, há quatro anos. Os números refletem o sombrio sentimento nacional atualmente.
As declarações públicas do primeiro-ministro desde o lançamento da reforma judicial contribuíram muito para a diminuição do nível de otimismo do público. As falas de Netanyahu incluem mensagens agressivas contra a oposição e contra os manifestantes, além da clara separação feita por ele entre seus “eleitores” (que, de acordo com as últimas pesquisas, também estão diminuindo) e todo o “resto do povo”, inclusive culpando este último por prejudicar a segurança nacional.
A “demissão” do Ministro da Defesa, Gallant, que pediu a parada da reforma, e o “cancelamento” dessa demissão mais de duas semanas depois, em transmissão ao vivo e sem que o próprio ministro soubesse disso com antecedência, contribuem para uma sensação geral de caos governamental e falta de clareza entre o público. Não é surpreendente, então, que vejamos uma diminuição no otimismo geral, tanto em relação ao futuro da governança democrática quanto em relação à situação de segurança.
O público também foi questionado se o sistema democrático em Israel está em grave perigo. Surpreendentemente, não houve mudanças em relação à medição anterior, de dezembro de 2022. Em ambos casos, uma maioria relativamente pequena, de 57%, considerou que este é, de fato, o caso.
Há uma diferença substancial entre a opinião de judeus e árabes neste ponto – e a diferença também foi mantida: 53% dos judeus considerando um grave perigo em comparação com 74% dos árabes.
Os dados de 53% entre os judeus são compostos de 93% entre a esquerda, 71% entre o centro e 33% entre a direita.
Estes resultados são surpreendentes em outro contexto que também foi examinado, e trata da questão da dimensão da participação pública nos protestos desde seu início.
Segundo o último Índice, 21% dos israelenses (23% entre os judeus, 11% entre os árabes) já participaram de pelo menos um ato de protesto, em comparação com apenas 13% em janeiro e 18,5% em fevereiro.
O contínuo crescimento na participação pública nos protestos desde seu início, em janeiro de 2023, como demonstrado no índice, está em linha com o visível aumento do público a cada semana.
No entanto, se observarmos o crescimento na participação judaica nos protestos, de acordo com os setores, há um aumento em todos eles ao longo do período. Naturalmente, a maioria dos manifestantes vem do campo da esquerda (de 46% de participação em janeiro para 70% em março), depois vem o campo central (de 18% de participação em janeiro para 29% em março), e a minoria é do campo da direita (de 6% em janeiro para 9% em março),
Embora 33% do público de direita acredite que a democracia israelense está em grave perigo, conforme demonstrado nos resultados acima, apenas 9% dos manifestantes pertencem de fato ao público da direita. Este dado indica que existe uma lacuna entre a percepção do perigo e a disposição ou vontade de sair e se manifestar contra ele. Também indica a possibilidade de que os membros do campo da direita preferem não ser identificados publicamente com suas opiniões contra o perigo para a democracia, por suas próprias razões.
Será que isso se deve ao receio de ser classificado como esquerdista? Pressão familiar? A lealdade à comunidade à qual pertencem que tende a suportar a revolução? Estas são apenas hipóteses possíveis entre muitas outras que não foram verificadas no contexto do índice. Na prática, isso pode significar que a oposição à reforma judicial é muito maior do que o evidente no terreno. Bem, estas não são boas notícias para os partidários da revolução.
Na véspera do 75º Dia da Independência do Estado de Israel, a sociedade israelense se encontra mais dividida e rasgada que nunca, preocupada e menos otimista quanto ao futuro da democracia e da segurança nacional. Sim, dói.
No entanto, é esta dor e este amor pelo país, que nos dá força e energia para não desistir até que a ameaça seja eliminada.
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* Israeli Voice Index – O Índice da Voz Israelense (março de 2023) é preparado pelo Centro Viterbi de Opinião Pública e Pesquisa de Políticas do Israel Democracy Institute (Instituto de Democracia de Israel)
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