“A esquerda não vai conseguir avançar se ela não deixar de ser antissemita”, explica militante comunista judeu
18 mar 22

“A esquerda não vai conseguir avançar se ela não deixar de ser antissemita”, explica militante comunista judeu

O antissemitismo é um problema que tem crescido no Brasil, de acordo com a Safernet, ONG que monitora sites radicais, em maio de 2020 foram criadas 204 novas páginas de conteúdo neonazista no país e apenas em junho daquele ano a ONG recebeu 3.616 denúncias sobre manifestações neonazistas. É um mal presente em todos os espectros políticos, que se manifesta de maneiras próprias para cada um desses grupos. 

No podcast “E eu com isso?” do IBI desta semana, Anita Efraim e Ana Clara Buchmann conversaram com Gabriel Carvalho, judeu, militante comunista, pesquisador de antissemitismo e graduando em ciências sociais, para entender de qual forma o antissemita é visto tanto na direita quanto na esquerda.

“Dentro da cultura europeia, existe essa visão abstrata do capitalismo, que foi muito depositada na figura dos judeus. Isso não é à toa, mas também não é justificável, porque essa ascensão do capitalismo coincidiu com um momento de integração dos judeus na sociedade europeia, com ganho de direitos políticos, de cidadania e tudo mais, os judeus prosperaram naquele momento porque eles podiam exercer profissões normais que eles não podiam exercer antes na Europa”, introduz o assunto Gabriel, que deixou a militância por sofrer antissemitismo. 

Uma parte de esquerda, por exemplo, fomenta uma idealização generalista de Israel como um Estado contra os direitos humanos. Para a direita, e principalmente extrema-direita, Israel e os judeus representam bandeiras do conservadorismo deles, mesmo que a extrema-direita contraditoriamente dialogue com o neonazismo. 

“E essa ligação entre judeus e capitalismo vai sendo levada adiante até hoje por vários setores da esquerda. O avanço desse pensamento antissemita de esquerda e que vai se transformando dentro do pensamento socialista, está muito ligado a essas falas de lobby sionista. Essa esquerda antissionista, também como essa extrema-direita filossemita sionista evangélica, só consegue dialogar com os “judeus mortos”. Sempre essa coisa de acionar as vítimas do Holocausto ou o “judeu imaginário”, mas com os judeus vivos existentes não tem diálogo”, fala o pesquisador de antissemitismo. 

Mas para o ex-militante, ainda há um caminho para combater o antissemitismo dentro da esquerda: “Só dentro do campo da esquerda que existe uma posição radicalmente humanista que a meu ver está representada pelo comunismo marxista, mas podemos discutir isso entre os socialistas, que é o que pode ajudar a gente a superar o antissemitismo. A esquerda não vai conseguir avançar se ela não deixar de ser antissemita, porque o antissemitismo estrutural da modernidade e que está presente na esquerda impede que se faça uma crítica correta do capitalismo”, conclui Gabriel. Escute:

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