As diversas correntes do sionismo foram tema da 7ª aula do curso do IBI no RJ
11 out 18

As diversas correntes do sionismo foram tema da 7ª aula do curso do IBI no RJ

No dia 05/10, no sétimo encontro do curso de formação do IBI no Rio de Janeiro, Michel Gherman continuou sua aula sobre o movimento nacional judaico, aprofundando nas discussões sobre suas diversas correntes e práticas.

Inicialmente, tratou-se daquele que é considerado o “pai do sionismo”, Theodor Herzl, mas numa outra perspectiva, buscando redimensionar suas contribuições. Ao invés de ser o fundador do sionismo, ele é tomado como um de seus organizadores, por ter fundado a Organização Sionista. Todavia, seu livro o Estado Judeu não foi o primeiro esforço teórico sobre o sionismo, nem aquela a primeira organização sionista. De fato, já havia um movimento constituído no Leste Europeu que precedeu Herzl. Ademais, o projeto político de Herzl foi profundamente derrotado. Tratava-se de uma visão baseada em acordos imperialistas, não na migração imediata, não centrada na Palestina, contra autodefesa, anti hebraísta e anti idiichista. Era um projeto voltado para resolver a questão judaica do Leste Europeu, impedindo sua migração para a Europa Central e Ocidental, fundamentalmente os civilizando.

O projeto vitorioso dentro do movimento sionista foi desenvolvido no Leste Europeu, sob o signo do sionismo-socialista. Era uma visão baseada na migração imediata para a Palestina, na língua e cultura hebraicas, cujos principais objetivos  eram a compra de terras, desenvolvimento do trabalho judeu e da autodefesa judaica. Assim, durante os períodos dos Impérios Otomano e Britânico, aos poucos foram se desenvolvendo as instituições centrais do futuro Estado de Israel, como o Keren Kayemet LeIsrael (KKL – fundo para compra de terras), a Histadrut (central sindical) e a Haganá (grupo de autodefesa).

Estas práticas, contudo, não se efetivaram num vazio: havia lá a população palestina, que também começa a constituir progressivamente um movimento nacional e a se ver como uma nação. Deste modo, a compra de terras e o princípio de trabalho judaico mudaram configurações locais de poder, na medida em que se iam valendo das contradições entre práticas imperiais modernizadores e antigas tradições locais. Neste sentido, apesar de existirem autonomamente, progressivamente foram se constituindo os dois movimentos nacionais um em relação ao outro, em especial entendendo-se em oposição.

No entanto, não se deve naturalizar esta perspectiva: este resultado foi produto de agências históricas e não eram necessidades metafísicas. Neste sentido foi discutido o papel do binacionalismo, defendido por grupos sionistas e palestinos. Apesar de minoritário, foi uma corrente importante e que ajuda a entender como o objetivo de formação de um Estado para os judeus (e outro palestino) não era algo dado previamente, mas uma possibilidade que se tornou hegemônica.

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