Depois da escalada de violência, Lapid e Bennet podem formar governo
Daniel Gateno
O estado de Israel deve ter um novo governo depois de 12 anos de Benjamin Netanyahu no poder. Uma figura controversa e camaleônica que deixa um país com crateras de divisão ainda muito abertas depois dos recentes conflitos entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza, os protestos de árabes-israelenses e a situação delicada das famílias palestinas em Jerusalém Oriental.
Segundo fontes de um canal de TV israelense, o líder do partido Yamina, Naftali Bennet, chegou um acordo com Yair Lapid, do Yesh Atid para a formação de um novo governo, o primeiro sem o Likud desde 2009.
Bennet, que conquistou apenas 7 cadeiras na Knesset, deve ser o primeiro-ministro até setembro de 2023. Yair Lapid assumiria após esta data, terminando o seu mandato em novembro de 2025. A cerimonia de juramento deve ser marcada para o dia 7 de junho.
O governo teria partidos de direita, esquerda e de centro, o que dificulta decisões importantes que o país terá de tomar em caso de mais uma escalada de violência com o Hamas. Por esse mesmo motivo, Bennet havia suspendido conversas há três semanas, alegando que um governo tão diverso não conseguiria tomar as decisões necessárias que Israel precisaria.
Na última sexta-feira(28), Netanyahu divulgou um vídeo em que critica Bennet e afirma que ele prefere ser o primeiro-ministro da “esquerda” do que entrar em uma coalizão de direita com ele. Naftali Bennet é de direita, mas rompeu com Bibi. Essa não é a primeira vez que Netanyahu tenta deslegitimar políticos que fazem oposição a ele, no passado ele já chegou a chamar partidos de esquerda como o Avoda e o Meretz de antissionistas.
A coalizão entre Bennet e Lapid não está fechada. Assim como não estava antes do aumento da escalada de violência na região. Nos bastidores do Yamina, nem todos estão convencidos de que o acordo acontecerá.
Para transformar o acordo em realidade, Lapid e Bennet precisam do apoio do Raam, partido árabe-israelense liderado por Mansur Abbas. A relação entre a população árabe e os judeus dentro de Israel anda tensa depois dos massivos protestos que ocorreram em diversas cidades do país.
O xadrez político israelense é complicado, tem sido assim nas últimas quatro eleições, muitas peças para um tabuleiro pequeno. Lapid precisa formar um governo até a próxima quarta-feira(2) para evitar a quinta eleição em Israel em dois anos.
O jogo ainda está aberto.
Artigos Relacionados
Há diversas formas de se queimar a bandeira de Israel
20 de abril de 2020
Há diversas formas de se queimar a bandeira de Israel. De um lado, de forma literal, ateando fogo, como fizeram mais de uma vez setores sectários da esquerda brasileira. De outro lado, há formas metafóricas de se queimar a flâmula israelense, como usá-la em manifestações com as quais não tem nenhuma relação. Se queimando a […]

Brasileiros agora podem entrar em Israel
1 de outubro de 2021
A medida entra em vigor no dia 04/10
