O que pensamos sobre o Plano de Anexação
09 jul 20

O que pensamos sobre o Plano de Anexação

No contexto dos debates sobre a anexação unilateral de territórios palestinos pelo Estado de Israel, o Instituto Brasil-Israel considera importante expor e explicar o seu posicionamento, já se colocando à disposição para conversas, debates e esclarecimentos complementares.

Nesse sentido:

1. Reafirmamos nossa posição em relação à necessidade de alcançar uma paz justa entre israelenses e palestinos. Cremos que tal paz deve ser alcançada por meio de negociações diretas e reconhecimento mútuo, tendo no horizonte a necessidade da criação de um Estado Palestino independente ao lado do Estado de Israel, em paz, prosperidade e segurança.

2. Vemos com extrema preocupação declarações que defendam a anexação unilateral dos territórios palestinos em qualquer circunstância. O momento em que essa discussão se dá é ainda mais grave. A crise internacional decorrente da pandemia de COVID-19 pode produzir consequências inimagináveis no caso de decisões não negociadas. É hora de se investir na moderação e na responsabilidade. Atitudes de ruptura costumam promover resultados que beneficiam o extremismo e as forças reacionárias, ainda muito ativas no Oriente Médio.

3. Acreditamos na necessidade de que israelenses e palestinos debatam diretamente suas futuras fronteiras. Esse processo, sabemos, é difícil e complexo e, por isso, demorado e gradual. Ainda mais em um mundo de instabilidades múltiplas. 

4. Em termos regionais, a anexação unilateral pode produzir prejuízo nas relações entre o Estado de Israel e países árabes com os quais vem aumentando seus contatos e normalizando suas relações.

5. No que se refere aos palestinos, a decisão unilateral pode causar enfraquecimento e dissolução da Autoridade Nacional Palestina, com o consequente fortalecimento do Hamas, com mais violência e atos terroristas. 

6. A Jordânia, parceira estratégica para Israel, poderia ter seu regime desestabilizado e comprometer a estreita colaboração de segurança com Israel.

7. No cenário internacional mais amplo, a anexação unilateral pode produzir uma série de retrocessos nas relações entre Israel, a Comunidade Europeia e os EUA, além de contribuir sobremaneira para o fortalecimento de grupos que deslegitimam o Estado Judeu. Esses grupos, enfraquecidos ultimamente, receberiam uma justificativa para o aumento de suas atividades.

8. Internamente e nas relações com a diáspora judaica, a anexação unilateral pode produzir tensionamentos inéditos entre os diversos grupos da sociedade israelense e judeus do mundo. Daria poder a setores extremistas e messiânicos, enfraquecendo a democracia israelense.

9. A ideia de anexação unilateral é uma aventura inútil e perigosa. Esperamos que o governo de Israel reconsidere tais planos.

10. Entre palestinos e israelenses, judeus e árabes, há setores amplos das populações comprometidos com a paz e a democracia. Tais setores devem estar engajados em constante diálogo para que a sedução de soluções simplórias e antidemocráticas saiam definitivamente das mesas.

Artigos Relacionados


James Green fala sobre antissemitismo e política nacional em encontro do IBI

Calendar icon 25 de maio de 2018

Historiador também abordou perspectivas para as eleições de 2018

Arrow right icon Leia mais

Precisamos falar sobre Israel e Palestina

Calendar icon 14 de junho de 2021

Arrow right icon Leia mais

Língua iídiche é o tema do podcast da semana

Calendar icon 7 de maio de 2020

O iídiche era a língua oficial dos judeus na Europa até a metade do século 20. O idioma, uma mistura de hebraico com alemão, define muito da identidade judaica vivida pela comunidade naquela época. Eram filmes, livros e ecossistemas inteiros dedicados ao iídiche. Após a fundação do Estado de Israel, o iídiche foi aos poucos […]

Arrow right icon Leia mais